Às vezes acontece a você sentir-se integrado, em algum raro momento. Observe o oceano, o seu espírito indomável - de repente você esquece a sua divisão interior, a sua esquizofrenia: você relaxa.
Ou então, andando pelo Himalaia, contemplando a neve virgem nos picos das montanhas, de repente uma calma o envolve e você não precisa ser falso, porque não há ali nenhum outro ser humano para o qual representar.
Você se reintegra. Ou ainda, ouvindo boa música, você se sente integrado.
Sempre que, em qualquer situação, você se torne uno, uma paz, uma felicidade, uma bênção o envolvem, brotam de dentro de você. Você se sente preenchido.
Não há necessidade de ficar esperando por esses momentos - eles podem transformar-se na sua maneira natural de viver.
Esses momentos extraordinários podem transformar-se em momentos comuns - este é todo o esforço do Zen. É possível viver uma vida extraordinária dentro dos limites de uma vida bastante comum: cortando árvores, rachando lenha, buscando água no poço, é possível estar extremamente à vontade consigo mesmo. Limpando o chão, preparando a comida, lavando a roupa, você pode estar perfeitamente à vontade - porque a questão toda é de você atuar com todo o seu ser, desfrutando, realizando-se no que faz.
Comentário:
Esta figura, caminhando pela natureza, mostra-nos que a beleza pode ser encontrada nas coisas simples e comuns da vida. Com muita freqüência nós tomamos este lindo mundo em que vivemos como coisa garantida. Limpar a casa, cultivar o jardim, fazer a comida -- as tarefas mais simples ganham uma conotação sagrada quando são feitas com envolvimento total, com amor, e exclusivamente pelo prazer de fazê-las, sem expectativas de conhecimento ou de recompensa.
Neste momento, você passa por um período em que esta maneira cordata, natural e extremamente simples de encarar as situações que se apresentam, trará resultados muito melhores do que qualquer tentativa sua de ser brilhante, perspicaz ou, de alguma outra forma, extraordinário. Deixe de lado toda pretensão de fazer alarde quanto a ter inventado mais alguma coisa inútil, ou a vaidade de encantar seus amigos e colegas com o seu talento incomparável de prima donna. A contribuição especial que você tem para oferecer neste momento será maior se você encarar as coisas sem resistência e com simplicidade, um passo de cada vez.
Tarô Zen de Osho
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