sábado, 14 de agosto de 2010

O amor é como um cristal de muitas facetas

...Inúmeras, incontáveis, talvez. A gente consegue perceber uma ou algumas delas em cada momento de nossa vida ou relação que experimentamos. No entanto, o ideal é que tentemos não nos deixar iludir por apenas uma delas, a mais encantadora e também a mais perigosa.
 
Costumamos entender por amor um sentimento muito romântico, idealizado, perfeito, como nos contos de fadas... E quando nos damos conta de que essa é, provavelmente, uma faceta projetada, ou seja, de que ela não existe senão dentro de nossas mentes equivocadas e imediatistas, nos sentimos enganados, deprimidos, perdidos...
 
O fato é que as verdadeiras facetas do amor incluem nossas imperfeições, já que a função do amor é ser um caminho para nosso mais efetivo e árduo crescimento como pessoas, enquanto seres em evolução.
 
Sendo assim, quando sentimentos considerados menos nobres invadem nossa relação – construída sobre uma imensa expectativa romântica – não sabemos onde encontrar força para segurar tudo o que construímos, e vemos nosso projeto de amor ruir...
 
Tenho recebido muitas mensagens de pessoas contando sobre o quanto se entregaram, o quanto acreditaram num relacionamento e na pessoa amada e o quanto estão se sentindo sem rumo, abandonadas, sem entender o que aconteceu, por que acabou, por que o outro foi embora de repente, justificando-se confuso, tendo atitudes e palavras dúbias, demonstrando ora afeto, ora distanciamento...
 
Nessas mensagens, as pessoas me pedem explicações, acreditam que eu ou Alguém pode realmente ter uma resposta, saber o que isso tudo significa... Mas nem sempre existe uma resposta! Não essa resposta pronta e que explica as atitudes confusas de cada um...
 
O que eu teria a dizer é que estamos vivendo um momento de transformações, grandes e importantes transformações. Cada um no seu ritmo, questionando seus valores e procurando acertar...
 
Difícil saber exatamente onde chegaremos, o que vai acontecer e quem conseguirá compreender, enfim, que a felicidade pode estar presente em todo esse processo, apesar de tanta dor. Portanto, sugiro que deixemos o futuro para depois e que nos concentremos no agora!
 
Viver um dia após o outro, assumindo a inteligente frase dos dependentes em recuperação (porque todos nós somos dependentes de alguma coisa que nos prejudica) e repetir: Só por hoje, vou tentar fazer o melhor que eu posso, tentando respeitar e aceitar as escolhas do outro!
 
E, assim, chegará o dia em que as portas parecerão se abrir além do que conseguíamos ver até então; Portas da alma, portas do coração... para podermos enxergar as outras facetas do amor e fazer um balanço, para aprender e recomeçar...
 
Porque quando a gente só olha para uma delas, perde o aprendizado contido nas outras... prendendo-se a somente um sentimento... ou raiva... ou tristeza... ou pena... ou compreensão ilimitada... E o amor nunca é somente um desses sentimentos...
 
São todos, ao mesmo tempo, pela mesma pessoa ou por várias pessoas! E no final das contas, como diria o Cana Brava (personagem do humorista Tom Cavalcante), passa a régua! O resultado é o que conseguimos aprender, viver, ensinar e, sobretudo, SER!

Rosana Braga

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