quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Caminhos espirituais


Quando nos decidimos a trilhar um caminho espiritual, seja por um chamado específico ou por escolha, estamos nos colocando no Ponto da Encruzilhada, em uma declaração consciente de que estamos dispostos a experimentar o vinagre e o vinho a fim de alcançarmos à sabedoria. Todos os obstáculos são então vislumbrados como meios necessários portadores de lições que podem se repetir ou persistir até que tenhamos absorvido seu total significado.
Por esta razão específica, a Grande Arte dos Sábios reconhece a Encruzilhada metafísica dos poderes como o ponto-chave onde Destino rege. Tal escolha exigirá bravura em um nível raramente experimentado anteriormente: a saída da zona de conforto para um turbilhão de experiências que irão muitas vezes nos tirar todo o chão.
Nos colocamos à beira do penhasco enquanto recitamos nossas preces aos ventos, para que estes nos carreguem de modo mais gentil possível, ou para que nossa carne suporte todo o trajeto do tombo até o final.
O primeiro ciclo do caminhante o mais desafiador. O caminhante é abençoado e amaldiçoado ao mesmo tempo e se vê às voltas das experiências de um mundo fora do mundo criado por seus pais. Perda e solidão são seus companheiros na jornada.
Uma vez que abrimos os olhos a esta outra dimensão, quando de fato enfrentamos o desafio e podemos compreender o quão real ela é, podemos nos valer do livre-arbítrio e fecharmos os olhos novamente, ou nos preenchermos do velado poder para nos preparar para o próximo ciclo. O poder que escapa nas rachaduras da abóbada celeste, que dá sua atenção somente àqueles de verdadeiro potencial espiritual. Aqui está o ponto onde se separa o Santo do Mundano, pois este processo é o do despojamento último, da nudez total de todos os valores morais agregados ao ser. Só assim somos capazes de descobrir a biografia dos dos nossos demônios .
Aqui cabe adicionar que o trabalho deste nível é destinado aos fortes de espírito, àqueles que não se deixam abater por seus demônios traduzidos em neuroses e paranóias. A meta é encontrar o ponto onde negação e afirmação se alinha no fortalecimento do ser. Não é um caminho para muitos, mas um caminho. Com a onda crescente dos ‘wanna-be super priests’, onde o céu é o limite para a exposição de reações causadas pela baixa auto-estima combinada à ganância e gula espiritual, podemos nos questionar as razões pelas quais alguns decidem pelo caminho mais difícil. E a resposta reside no chamado e no sangue de cada um deles.
Podemos então afirmar que o Caminho é único e totalmente solitário.
O trabalho ritualístico se desenvolve solitariamente, embora em certas ocasiões tradicionais especiais temos que nos encontrar para a realização de ritos coletivos.
Em uma estrutura familiar – ou de extensão familiar – agrupar estas jornadas únicas é tarefa no mínimo espinhosa, e requer muito mais do que um simples desejo de reconhecimento espiritual. Isto exige uma grande dedicação e fé em cada um dos membros. Exige também a aceitação de cada um dos membros ao código de honra entre seus pares, e a real vontade de amadurecer em contraposição ao simples pertencer.

Gobi

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