Quando nos decidimos a trilhar um
caminho espiritual, seja por um chamado específico ou por escolha, estamos nos
colocando no Ponto da Encruzilhada, em uma declaração consciente de que estamos
dispostos a experimentar o vinagre e o vinho a fim de alcançarmos à sabedoria.
Todos os obstáculos são então vislumbrados como meios necessários portadores de
lições que podem se repetir ou persistir até que tenhamos absorvido seu total
significado.
Por esta razão específica, a
Grande Arte dos Sábios reconhece a Encruzilhada metafísica dos poderes como o
ponto-chave onde Destino rege. Tal escolha exigirá bravura em um nível
raramente experimentado anteriormente: a saída da zona de conforto para um
turbilhão de experiências que irão muitas vezes nos tirar todo o chão.
Nos colocamos à beira do penhasco
enquanto recitamos nossas preces aos ventos, para que estes nos carreguem de
modo mais gentil possível, ou para que nossa carne suporte todo o trajeto do
tombo até o final.
O primeiro ciclo do caminhante o
mais desafiador. O caminhante é abençoado e amaldiçoado ao mesmo tempo e se vê
às voltas das experiências de um mundo fora do mundo criado por seus pais.
Perda e solidão são seus companheiros na jornada.
Uma vez que abrimos os olhos a
esta outra dimensão, quando de fato enfrentamos o desafio e podemos compreender
o quão real ela é, podemos nos valer do livre-arbítrio e fecharmos os olhos
novamente, ou nos preenchermos do velado poder para nos preparar para o próximo
ciclo. O poder que escapa nas rachaduras da abóbada celeste, que dá sua atenção
somente àqueles de verdadeiro potencial espiritual. Aqui está o ponto onde se
separa o Santo do Mundano, pois este processo é o do despojamento último, da
nudez total de todos os valores morais agregados ao ser. Só assim somos capazes
de descobrir a biografia dos dos nossos demônios .
Aqui cabe adicionar que o
trabalho deste nível é destinado aos fortes de espírito, àqueles que não se
deixam abater por seus demônios traduzidos em neuroses e paranóias. A meta é
encontrar o ponto onde negação e afirmação se alinha no fortalecimento do ser.
Não é um caminho para muitos, mas um caminho. Com a onda crescente dos
‘wanna-be super priests’, onde o céu é o limite para a exposição de reações
causadas pela baixa auto-estima combinada à ganância e gula espiritual, podemos
nos questionar as razões pelas quais alguns decidem pelo caminho mais difícil.
E a resposta reside no chamado e no sangue de cada um deles.
Podemos então afirmar que o
Caminho é único e totalmente solitário.
O trabalho ritualístico se
desenvolve solitariamente, embora em certas ocasiões tradicionais especiais
temos que nos encontrar para a realização de ritos coletivos.
Em uma estrutura familiar – ou de
extensão familiar – agrupar estas jornadas únicas é tarefa no mínimo espinhosa,
e requer muito mais do que um simples desejo de reconhecimento espiritual. Isto
exige uma grande dedicação e fé em cada um dos membros. Exige também a
aceitação de cada um dos membros ao código de honra entre seus pares, e a real
vontade de amadurecer em contraposição ao simples pertencer.
Gobi
Gobi
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