Para mim é óbvio que cada novo dia – junto com todas as suas pessoas e eventos – questiona-nos realmente, se nos submetemos ao teste. A pessoa carente e sem atrativos pergunta-me quanto posso amar. A morte de um ente querido pergunta-me em que acredito de fato a respeito da morte e como poderia enfrentar proveitosamente a perda e a solidão. Um belo dia ou uma bela pessoa perguntam-me quanto sou capaz de usufruir. A solidão pergunta-me se realmente gosto de mim e de minha própria companhia.
Uma boa piada pergunta-me se tenho senso de humor. Um tipo muito diferente de pessoa, com uma formação muito diversa da minha, pergunta-me se sou capaz de empatia e compreensão. O sucesso e o fracasso pedem-me para definir minhas ideias de sucesso e fracasso. O sofrimento pergunta-me se realmente acredito que posso crescer com a adversidade. A crítica negativa dirigida a mim pergunta-me a respeito de minha suscetibilidade e autoconfiança. A devoção e a lealdade dos outros para comigo perguntam-me se me deixarei amar.
Sim, todos os dias nos questionam de fato... No entanto, a maioria das respostas não nos ocorre automaticamente, porque as deixamos de quarentena, fora da vista. A falta de atenção seletiva enterrou tantas de minhas lembranças, pensamentos e emoções em túmulos de obscuridade... Meu eu ilusório serviu de censor autonomeado, permitindo-me o contato apenas com os pensamentos e emoções considerados aceitáveis, mas não admitindo os pensamentos e emoções que ameaçariam minha identidade fictícia.
Texto transcrito de Fully Human, Fully Alive – John Powell
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