Todo tipo de coisas me
desviam para longe de minha ciência à qual eu acreditava estar dedicado
firmemente. Através dela, queria servir à humanidade, e agora, minha alma, tu
me levas para essas coisas novas.
Sim, o mundo do meio, intransitável,
multiplamente cintilante. Esqueci que cheguei a um mundo novo, que antes me era
estranho.
Não vejo caminho nem trilha. Aqui deverá
tornar-se verdade o que
acreditei sobre a alma, que ela sabia melhor seu próprio caminho e que nenhum
desígnio lhe poderia prescrever um caminho melhor.
Sinto que é tirado um grande pedaço da
ciência. Deve estar certo, por amor à alma e por amor à sua vida. Dolorosa é
apenas a idéia de que isto só aconteceu para mim e que talvez ninguém consiga
tirar alguma luz daquilo que eu produzo. Mas minha alma exige esta produção.
Devo poder dizê-lo também só para mim sem
esperança—por amor a Deus. Deveras um caminho duro. Contudo, aqueles eremitas
dos primeiros séculos cristãos—o que faziam de diferente?
E eram, por acaso,as piores e mais
imprestáveis pessoas que viviam naqueles tempos? De modo nenhum, pois eram
aqueles que tiravam a mais inexorável conseqüência da necessidade psicológica
de seu tempo.
Eles deixavam mulher e filhos, riqueza,
fama, ciência—e se dirigiam ao deserto—por amor a Deus. Assim seja.
Carl Gustav Jung
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