Que eu possa respeitar
opiniões diferentes da minha. Que eu possa me desculpar antes do ódio.
Que eu possa escrever cartas de amor de repente.
Que eu possa viajar para adorar a distância.
Que eu possa voltar para dizer o que não tive
coragem.
Que eu pense em meu amor ao
atravessar a rua. Que eu pense na rua ao atravessar o amor. Que eu dê conselhos
sem condenar.
Que eu possa tomar banho de cachoeira. Que
eu seja a vontade de rir.
Que eu possa chorar ao assistir filmes.
Que eu não seduza para confundir.
Que eu seduza para iluminar. Que eu não
sacrifique a confiança pela covardia.
Que eu tenha dúvidas, melhor do que
certezas e falir com elas.
Que eu faça amizades falando do tempo. Que
eu possa amar mais sem contar as horas.
Que eu use somente as palavras que tenham
sentido. Que eu prove a comida nas panelas.
Que transforme a raiva em vontade de me
entender. Que eu possa soltar os vaga-lumes que prendi em potes.
Que eu me lembre de ser feliz
Fabrício Carpinejar
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