Já sabemos que é muito difícil fazer uma reflexão com o intuito de se conhecer mais e mais, e como tendemos a fazer o que é mais fácil, vamos querendo conhecer o outro quando nem conhecemos aquilo que vai bem dentro de nós. Passamos tantos anos agindo de acordo com o que esperam de nós, que acreditamos ser esse nosso próprio jeito de ser. Somos tão incentivados à competição, a querer ser e ter mais que o outro, que nessa busca desenfreada acabamos por esquecer de nós mesmos. O homem procura tanto elevar-se acima do homem, quando poderia se preocupar em elevar-se acima de si mesmo, aperfeiçoando-se em cada momento, mas esse é um longo e difícil processo.
Quando conhecemos alguém, queremos saber tudo sobre essa pessoa, mas o quanto você sabe sobre si mesmo? Para quem acredita que já sabe tudo sobre si mesmo, vale lembrar que nem sempre somos aquilo que parecemos ser.
O autoconhecimento faz parte de um processo para o resto da vida, ou seja, não há um momento em que podemos parar porque já nos conhecemos o suficiente. Sempre há o que descobrir, pois o autoconhecimento requer uma constante auto-reflexão, uma vez que nos estimula a manter contato profundo e significativo com nosso eu mais verdadeiro, o qual Jung chama de self. Devemos ouvir o que podemos chamar do próprio silêncio. Mas quantas vezes buscamos nos ouvir, e acabamos por desistir e ignorar aquilo que sentimos por permitirmos que outras preocupações nos desviem de nosso foco? O autoconhecimento requer mesmo um constante exercício, sem medo de olhar para dentro de nós. Não há dicas nem receitas para buscar o autoconhecimento, mas podemos começar refletindo sobre tudo que envolve esse longo processo.
Faz parte do processo de autoconhecimento:
Conversar consigo mesmo;
Identificar os sentimentos;
Não reprimir sentimentos, principalmente os negativos;
Identificar a necessidade da busca por reconhecimento, aprovação e agradar;
Aprender a dizer "não posso, não quero, não vou, não sinto" ou ao menos identificar quando sentiu vontade de dizer não e não conseguiu;
Ser flexível, pois o autoconhecimento proporciona maior visão de si mesmo, do mundo, das pessoas;
Acreditar na capacidade de mudar o que quiser;
Ser responsável pela própria felicidade, saindo assim do papel de vítima e infinitas lamentações;
Exercitar a humildade. Quem entende o processo de autoconhecimento sabe que "não sabemos nada", e temos muito que aprender, e "o pouco que sabemos", devemos doar àqueles que ainda não sabem sequer esse pouco;
Questionar as crenças que nos foram transmitidas como verdades absolutas;
Libertar-nos das prisões da ignorância sobre si mesmo;
Aprender a ouvir os próprios desejos, sentimentos, enfim, sua própria voz, valorizando a intuição;
Controlar as emoções, pois as identifica com mais facilidade;
Identificar s máscaras e continuar a usá-las, porém conscientemente;
Dizer mais não para os outros e menos para si mesmo;
Transformar as culpas em responsabilidades;
Sentir paz interior.
E não é só isso não, esses são apenas alguns aspectos, e como podemos perceber temos que arregaçar as mangas e trabalhar muito para atingirmos aquilo que está tão perto de nós, mas que agimos como se estivesse muito, muito distante. Mas qual o benefício de tanto trabalho? Menos conflitos! Menos culpas! Menos arrependimentos! Menos mágoas! Menos relacionamentos destrutivos! Menos doenças! Menos medo e manipulações! Menos repetições de padrões!
O autoconhecimento nos permite perceber tudo que necessitamos transformar, pois amplia nossa consciência sobre nossos potenciais até então adormecidos, para que possamos vir a ser aquilo que somos em essência e esse pode ser nosso melhor caminho!
Por tudo isso, arregace as mangas e procure conhecer mais de você mesmo. E se não conseguir fazer esse processo sozinho, procure ajuda de um psicólogo. E lembre-se: olhar para dentro de si não é sinal de fraqueza como muitos dizem, muito pelo contrário, é preciso muita coragem para olhar para as próprias feridas, mas só assim conseguirá permitir que elas se cicatrizem.
Rosemeire Zago
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