Muito tempo sem escrever, eu sei, mas não peço desculpa. Tenho lido mais, pouco ainda, perto do que devia. Procurando uma profundidade que muitas vezes a gente esquece de ter no corre - corre dos dias.
Mas hoje veio a tona um assunto que tenho ruminado dentro de mim já fazem muitos dias. Claro que por conta de pessoas que entraram no meu caminho - quem sabe na vida? Sim, Deus, que por conta também de amores eu deixei de lado, escreve certo por linhas tortas, Não é assim que dizem? Ele escreve - e pinta e borda. A gente só vê o avesso até que se esteja preparado para ver o lado certo. Então Ele vira e ali está, bela obra muito bem acabada. Ou como se a gente se visse no espelho do outro e não se encarando com vontade, cara a cara. Olhar-nos no espelho, bem além de rugas e feições cansadas nos faz ver lá dentro - ou aqui dentro, melhor dizendo. Faz-nos ver por dentro, olho no olho, onde , por vezes, temos medo de ver. Ou vemos, mas não enxergamos. Vemos com olhos de adulto e não de forma curiosa como as crianças.
Então, me vem a frase de Carpinejar, o Fabrício, um homem com alma de mulher:
"Não desejo encontrar alguém que me complete,
é pouco,
mas que me transborde,
até o final cansar e ser só início".
Descubro que a amor não completa a gente, nem ninguém. Talvez maquie a face não verdadeira do amor. Talvez, por procura errada ou por procura desgovernada, insistente, desconhecida em nós, a gente procura a gente mesma no outro. E, que pena, descobrimos depois de muito lutar que nunca vamos estar lá. Que nunca estivemos. Pelo simples fato que se a gente não está completa, o que vier pode não ser amor. Pode ser carência, máscara, dependência, falta de amor próprio. Já ouviu falar de gente que dá até o que não tem? Pois é, não tem como, até a matemática vai contra. Não se dá o que não se tem. Talvez se faça de conta, mas é só um conto qualquer. E é engraçado - ou não: outras coisas, como força, firmeza, conselhos, alegria, são coisas que gente pode até dar, sem ter - e isso até nos alimenta delas. Eu sou campeã de dar força e incentivo aos outros, de dar um belo sorriso, ânimo como ninguém, e sinto que disso, muitas vezes, vem a minha força, o meu sorriso, a minha alegria de viver. Somos assim com amigos - reais ou virtuais, tantos que nem conhecemos, mas igualmente amados- , familiares, filhos, e até desconhecidos, esses que se acha pela vida, nem sempre – ou nunca – por acaso. Eu sou, muito, sempre e isso me faz muito bem. Sou rainha nisso, campeã de dar. Mas quando se fala em dar - ou ser - com a gente, a coisa complica. E mais ainda com o amor parceiro, entre homem e mulher, sonho de tantos - senão todos – que não é assim tão simples. Por isso é muito fácil ter amigos. E tão difícil ter um amor.
Venho descobrindo que para isso eu preciso estar completa.Toda. E, acima de tudo, preciso me amar. Se não sei , e o que não sei, tenho que aprender. Dar-me o devido valor. Incentivar-me, apoiar-me, entender-me. Eu preciso estar inteira, me amando, sem precisar do outro para ser feliz. Sem ter que. Não se ama por necessidade e sim por amar. Simples assim. Vou lá, me olhar no espelho outra vez e ver o que faço por mim, só por mim. Sei que mereço.
E vou até o fim.
E brinco com outro poeta, Carlos Drummond de Andrade:
Joyce, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
hoje ama, amanhã não ama mais...
e depois de amanhã é outro dia
e você mesma não será a mesma
nem as horas, nem o mesmo, nem nada
e da vida ninguém sabe o que será
nem se será.
Joyce, então, sossegue
e simplesmente se deixe levar!
(perco o poeta , mas não perco a vontade de brincar, meu tempero da vida!)
Joyce Diehl
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