domingo, 15 de abril de 2012

Como compensamos a carencia do amor



Há mil maneiras de compensar a carência. Por exemplo: 

– Pelo alimentar-se de afeto: empanturrando-nos, ficamos totalmente satisfeitos, tentamos tapar todos os vazios, até ao limite, é uma espécie de bulimia.
– Pela busca obstinada do amor paterno ou materno que faltou.
– Pelo acúmulo de roupas, de objetos, de dinheiro... tudo demais, muito mais que o necessário; atulhados, engolidos pelas coisas, terminamos por tornar-nos escravos delas.
– Por uma maneira de apostar tudo a inteligência, os diplomas, os estudos. O pensamento nunca tem limite; tudo está centralizado num acúmulo de conhecimentos, de saber. Não há mais férias, espaços de tempo livres.
– Por uma atividade ou por uma generosidade sem limites: não há mais tempo para silêncio, para uma volta a si mesmo ou para o relacionamento gratuito.
– Por um trabalho que devora todo o resto da vida: vemos, com angústia, aproximar-se a aposentadoria uma interrupção na vida profissional.
– Pela arte, pela cultura, pela música, pela análise... coisas todas excelentes em si mesmas, quando não se tornam um absoluto, a finalidade exclusiva da vida, invadindo todo o nosso ser.

Solicitar a outrem que preencha a nossa carência é um comportamento muito frequente. Tendo, de maneira ou de outra, sofrido a carência de amor de um dos pais, ou dos dois, corremos, sem saber, o risco de buscar um pai ou uma mãe em todo relacionamento. A relação interpessoal torna-se, então, vítima de uma armadilha. O outro á amado não pelo que é, mas por aquilo que nos pode trazer. Se não recebemos o que esperamos, podemos entrar em processo de reivindicação e de crítica.
Deflagra-se, então, a crise no relacionamento.

Ocorre muitas vezes, que entremos no matrimônio buscando um pai ou uma mãe, e isto é normal. O que não se mostra reto, isto sim, é que o busquemos de forma exagerada e totalmente inconsciente. Desse modo, tornar-nos-íamos escravos de uma procura de compensação, sobre a qual não temos nenhum controle e não sabemos como ultrapassá-la.

 Simone Pacot

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