O cristalino é a própria luz. Contém e reflete todas as cores e por isso encerra infinitas possibilidades de cura. Esta cor nos dá a capacidade de defrontarmos o problema quer queiramos ou não.
Por outro lado, demonstra a nossa disposição de encarar os mesmos e não de escondê-los. Para ilustrar o que para mim seria o processo terapêutico do cristalino (branco transparente) contarei uma história.
Imaginemos um sótão escuro e abandonado. A partir do momento em que se resolve visitá-lo muitas situações podem ocorrer. Primeiramente, para que possamos ver o que está lá dentro, temos que acender a LUZ. Uma vez que isso tenha ocorrido, que a luz tenha penetrado neste aposento, o cenário poderá ser bastante incômodo, desagradável, e até mesmo tenhamos vontade de fugir de lá. Podemos constatar muita sujeira, teias de aranha, pequenos animais peçonhentos habitando ali e odores desagradáveis. Pode ser que tenhamos impressão de que jamais poderemos arrumar aquele sótão, pois de tão imundo que está não sabemos por onde começar.
Mas uma vez que tenhamos decidido positivamente nos damos conta de que este processo envolve várias etapas como: a retirada do pó, dos objetos que não mais queremos ou precisamos, de termos coragem de matar aqueles animaizinhos que foram criados ali, embora tenhamos medo... E depois desta limpeza, começamos então a fazer a reforma.
Resolvemos que aquele aposento, esquecido no fundo da casa, não será mais um depósito de bugigangas. Decidimos transformá-lo em um cômodo útil, por exemplo, um escritório. Pintamos as paredes de cores mais vivas, colocamos poucos móveis e objetos que nos serão úteis, e cuidamos para que o aposento esteja sempre iluminado e, principalmente, limpo. Depois desta mudança, verificamos que o resultado foi muito satisfatório e, apesar do trabalho que tivemos, a reforma era realmente necessária.
Creio que este processo de limpeza é análogo ao processo do cristalino quando é escolhido em um desafio. O sótão escuro e abandonado poderá ser comparado ao nosso subconsciente cheio de programações e condicionamentos devido ao acúmulo de experiências desde a mais tenra infância, nem sempre emocionalmente agradáveis. Também pode ser o nosso próprio corpo como depósito destas experiências passadas, precisando de uma limpeza, uma desintoxicação completa.
Pelo fato de não lembrarmos destas experiências e de não termos consciência de nossos condicionamentos, bloqueios vão se formando em todos nos níveis, isto é, no emocional, mental e até mesmo no físico, que se manifestam sob a forma de doenças e desequilíbrios.
A decisão de fazermos uma auto-análise profunda nem sempre é fácil, - pois nem sempre temos consciência de nossa escuridão e estagnação interior - e, obviamente, envolve muitos medos tanto pelo fato de não sabermos por onde começar, quanto por não sabermos o que viremos a descobrir, e de como este processo de autodescoberta se desenvolverá.
Mas uma vez que comecemos a jogar a luz da consciência sobre estes problemas constatamos aos poucos as razões destes bloqueios: fatos passados que esquecemos, ou que achamos que tínhamos superado, ou que fizemos questão de esquecer, e que nos bloquearam emocionalmente condicionando nossos comportamentos autodestrutivos e autosabotadores. Fatos e experiências desagradáveis à nossa alma, mas que ao invés de jogarmos fora preferimos reter. É o que podemos chamar de mágoas passadas, para resumir.
O processo de limpeza em si não é muito simples e muitas das vezes pode ampliar o problema e com isso a própria dor, e podemos ter vontade de desistir. Mas se seguimos em frente, pouco a pouco, temos a possibilidade de fazer uma mudança profunda e com isso de darmos espaço para o nascimento de um novo ser livre das "bugigangas" e objetos inúteis e obsoletos do passado que são nosso "lixo" emocional. No final, estaremos mais conscientes de nossas limitações e necessidades e, portanto, teremos mais ferramentas para que a cura se realize em todos os níveis.
Com a luz do cristalino, temos a oportunidade de nos sentirmos mais leves, mais "coloridos", mais vivos e completos; de nos olharmos no espelho e reconhecermos nossa verdadeira essência refletida, e não apenas uma projeção daquilo que gostaríamos de ser. Ele traz a clareza necessária para que encontremos a raiz do problema e que este seja eliminado para que possamos expressar o nosso ser em sua totalidade. Enfim, dentro do cristalino temos uma infinidade de possibilidades! E uma vez que tenhamos operado uma reforma profunda dentro de nosso ser renascemos com mais luz e com a capacidade de vibrarmos positivamente todas as energias das cores (que são as qualidades de nossa alma) de forma fluente e harmoniosa.
O cristalino é como um espelho onde podemos enxergar nossa essência refletida, mas também pode ser comparado a um mar de lágrimas quando guardamos a dor e a mágoa ao invés de tentarmos superá-las e nos desapegarmos delas. Enquanto não as enxugamos não podemos enxergar o ser arco-íris que somos e que é pura Luz cristalina.
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