Quantos de nós já não passamos por esta situação: computador travado,
nenhum comando responde, o trabalho, relatório ou e-mails prontos para serem
concluídos ou enviados e nada. Nenhum sinal.
O que começou com um simples: Putz, logo agora! Passa a tomar
proporções maiores e perigosas, principalmente com as inúteis tentativas de
acionar botões, agora de maneira irracional e com uma força já desproporcional
a necessária, ou de tentar lembrar o que o carinha que resolveu da última vez
fez exatamente. A mesma máquina e teclado que em há poucos minutos atrás tinham
sido até então responsáveis em conduzir ideias, pensamentos, mensagens,
documentos tão importantes e significativos, passam a ser alvo da mais alta
demonstração de insatisfação, inconformidades e dependendo do transtorno e
stress causado, adjetivos não tão gentis e amigáveis.
Confesso que da última vez que me
aconteceu algo do tipo, o pouco de racionalidade que ainda restava naquele
momento me ajudou a telefonar para um amigo que trabalha com informática. Sorte
dele, a minha e a do computador, que atendeu logo que liguei. Depois de
descrever o que acontecia, me deu o comando que para mim naquele momento foi
mágico, a solução para todos os males e sei lá mais o que, de tão impressionante
o resultado que gerou. Disse ele: – Reinicia. E em um instante, o computador
voltava a ser aquele quem nunca deixou de ser: com seus arquivos, informações,
dados, e-mails, programas e tudo mais, que por minutos pareciam ter sido
travados ou bloqueados por causas não explicáveis e incompreensíveis.
Nós também travamos. Em forma de
pensamentos, quando precisamos encontrar uma resposta ou tomar uma decisão e
não conseguimos avançar; nos relacionamentos familiares, amorosos e de amizade,
quando fica difícil encontrar palavras e formas de manifestar o que realmente
estamos sentindo, e quem está do outro lado acaba por não compreender o que
realmente queremos de fato; no meu caso específico, já tive treinos de corrida
em que a sensação que tinha era a de não sair do lugar, apesar de todo o
esforço. Algumas dessas situações pode até ser que se encontre a verdadeira
causa. Mas em outras pode ser que não.
E quando não conseguimos entender o
que se passa, o melhor a fazer é sim: reiniciar! Antes de ficar na tentativa de
destravar a qualquer custo, como eu tentava na história do computador,
recomeçar, refazer e/ou reconstruir, amizades, projetos pessoais e
profissionais, pode ser a única forma que nos possibilite avançar e conquistar
nossos e novos objetivos. Junto a isso não pode faltar algo que considero
essencial: o reconhecimento de que se precisa voltar algumas casas, como dizia
no jogo de tabuleiro ao darmos uma resposta errada. E aí sim fazer todo esse
movimento de retorno.
A mesma capacidade e energia que
todos temos de seguirmos em frente em busca de resultados, que possa ter uma
parte reservada para quando precisarmos dar uma parada e refletida sobre todos
prós e contras, dos ônus e dos bônus, das vantagens e desvantagens. E que se
tenha a confiança que ao retomarmos ou reiniciarmos o caminho da onde paramos,
já não seremos mais a mesma pessoa.
(Texto recebido por email de minha amiga Eleonôra Almeida Rodrigues)