terça-feira, 26 de abril de 2011

O sentido das palavras

Um homem doou uma moeda de prata a quatro pessoas. Uma delas, um persa, disse:

Com esta moeda, quero comprar angur.

O segundo, um árabe, exclamou:

Que insensato, não vamos comprar angur. Vamos comprar inab.

O terceiro era turco e disse:

Esta moeda é minha também e não quero nem inab, nem angur. Quero uzum.

O quarto, um grego, não se conformou:

Calem-se todos. Com esta moeda compraremos isratil.

Começaram a brigar entre eles porque ignoravam o verdadeiro sentido das palavras.

Esbofetearam-se, insultaram-se, até que chegou ali um homem sábio e que conhecia muitas línguas.

Ele lhes disse:

Dêem-me esta moeda e confiem em mim. Com ela comprarei algo que satisfará a todos vocês.

Sem opção melhor, eles lhe entregaram a moeda. O homem sábio foi ao mercado. Com a moeda comprou uma boa porção de uvas que entregou aos quatro briguentos.

Todos ficaram satisfeitos vendo seu próprio desejo realizado.

Ignorantes, eles não sabiam que todos desejavam a mesma coisa.

Angur, inab, isratil e uzum significam uva, nesses idiomas.

* * *

Tantas vezes, na vida, estabelecemos disputas por não entender corretamente o que o outro diz.

Diga-se, em vez de tornarmos a perguntar, para melhor compreender, reagimos de imediato, criando desentendimentos.

A palavra é instrumento da vida para vestir as idéias e as exteriorizar com clareza.

Nem sempre, contudo, somos felizes na sua utilização.

Por isso, a palavra tem sido, ao longo dos séculos, fomentadora de desacordos, desavenças.

Dentro do lar, pensemos quantas vezes a utilizamos de forma indevida.

No trato com companheiros de trabalho, quanta vez nos temos servido dela para fomentar intrigas...

O que deveria ser aplicado de forma edificante, para levantar o mundo, enriquecer a vida com belezas, é ensejador de mal-estares.

Não foi por outra razão que o sábio Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, prescreveu que nos deveríamos entender a respeito do real significado das palavras.

No trato com o semelhante, pois, sejamos mais pacientes, ouvindo melhor e falando de forma adequada.

Utilizemos palavras sem duplo sentido, que possam ensejar maus entendimentos.

Não utilizemos palavras grotescas para denominar situações e coisas, se outras existem, que melhor expressem o que desejamos dizer.

A palavra também carrega a vibração dos sentimentos com que a pronunciamos e atinge de forma feliz ou infeliz, o nosso interlocutor.

Pensemos neste imenso tesouro que se chama palavra e nos sirvamos dela com sabedoria.

Entendamo-nos a respeito do verdadeiro significado das palavras.

Enriqueçamos os nossos clichês mentais com palavras edificantes.

Não sejamos impacientes se preciso for repetir as nossas afirmações, mais de uma vez.

Carreguemos de otimismo todas nossas expressões verbais, criando sempre uma psicosfera de bem estar a quem nos ouve.

Ao transmitir ordens, façamo-lo de forma clara.

Ao expressar nossos pensamentos, quando algo deva ser decidido, ofereçamos a lucidez do verbo.

Lembremos que somos responsáveis por toda palavra que saia de nossa boca, favorecendo ou infelicitando aquele a quem é dirigida.

Pensemos antes de falar a fim de nos expressarmos de forma precisa, evitando criar dissabores.

Utilizemos, enfim, a palavra para melhor viver e conviver com a imensa família humana, que começa em nosso lar e se alonga pelo mundo afora.

Redação do Momento Espírita
 com base em conto da tradição suf
i e no cap. 9, do livro Alerta, do Espírito Joanna de Angelis
 psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sábado, 23 de abril de 2011

Arrogancia

O estudo do sentimento de egoísmo constitui elemento fundamental no entendimento de nossas necessidades espirituais. Significa estudar nossa própria história evolutiva. A sutil diferença entre pensar excessivamente em si e pensar em si com benevolência pode determinar a natureza de todos os sentimentos humanos. O excesso de interesse por si mesmo é um ciclo de ilusões que se repete sustentando o auto-desamor em milênios de perturbação. A benevolência é a bondade efetiva que caminha de braços dados com a edificação da paz interior.

Na fieira do tempo o egoísmo sofreu mutações infinitas que compõem a versatilidade de toda a estrutura sentimental do Ser. O abuso desses germens de luz tem constituído entrave ao longo dos tempos. A paixão – ausência de domínio sob gerência da vontade – ensejou reflexos perniciosos, cujas raízes encontram-se no egocentrismo – o estado mental de fechamento nas nossas próprias criações.

Nessa linha de evolução, o instinto de conservação desenvolveu a posse como sinônimo de proteção, vindo a constituir o núcleo da tormenta humana.

Alicerçados na necessidade apaixonada de proteção material, enlouquecemos através da posse e a conduta arrogante ensejou-nos a concretização dessa atitude de egoísmo.

O princípio que gera a arrogância foi colocado no homem para o bem. É a ânsia de crescer e realizar-se. O impulso para progredir. O instinto de conservação que prevê a proteção, a defesa. Tais princípios são os fatores de motivação para a coragem, a ousadia, o encanto com os desafios. Graças a eles surgem os líderes, o idealismo e as grandes realizações inspiradas em visões ampliadas do futuro. O excesso de tudo isso, no entanto, criou a paixão. A paixão gerou o vício. O vício patrocinou o desequilíbrio.

Comparemos o egoísmo como sendo o vírus e a arrogância a doença, seus efeitos nocivos e destruidores.

No sentido espiritual podemos inferir vários conceitos para o sentimento de arrogar. Vejamos alguns: exacerbada estima a si mesmo. Supervalorização de si, autoconceito super dimensionado. Desejo compulsivo de se impor aos demais.

O egoísmo é o sentimento básico. Arrogância é a atitude íntima derivada desse alicerce de sensações nascidas no coração ocupado, exclusivamente, com seu ego. Uma compulsiva necessidade de ser o primeiro, o melhor, manifestada através de um cortejo de pensamentos, emoções, sensações e condutas que determinam o raio espiritual no qual a criatura transita.

Rigidez, competição, imprudência, prepotência, são as ações mais perceptíveis em decorrência do ato de arrogar que estruturam expressiva maioria dos estados psicológicos e emocionais do ser. A partir desse estado orgulhoso de ser, podemos perceber um quadro mental de rígida auto-suficiência, do qual nascem as ilusões e os equívocos da caminhada humana, arrojando-nos aos despenhadeiros da insanidade aceitável e da rivalidade envernizada.

O traço predominante na personalidade arrogante é a não conformidade. Usada com equilíbrio, é fonte de crescimento e progresso. Todavia, sob ação dos reflexos da posse e do interesse pessoal, que marcaram, acentuadamente, nossas reencarnações, esse traço atingiu o patamar de rebeldia e obstinação enfermiça.

A rebeldia tornou-se um condicionamento psicológico que dilata as ações da arrogância. Uma lente de aumento que decuplica e acelera as mutações da auto-suficiência.

Estudemos as atitudes pilares da arrogância sob as lentes da rebeldia.

A rigidez é a raiz das condutas autoritárias e da teimosia que, freqüentemente, deságuam nos comportamentos de intolerância. Sob ação da rebeldia, patrocina o desrespeito ao livre-arbítrio alheio e alimenta constantemente o melindre por a vida não ser como ele gostaria que fosse.

A competição não existe sem a comparação e o impulso de disputa. Quando tomado pela paixão, a força motriz de semelhante ação é o sentimento de inveja. Na mira da rebeldia, causa o menosprezo e a indiferença que tenta empanar o brilho de outrem. A competição é o alimento do sentimento de superioridade.

A imprudência é marcada pela ousadia transgressora que não teme e nem respeita os limites. Quase sempre, essa inquietude da alma alcança o perfeccionismo e a ansiedade que, freqüentemente, deságuam na necessidade de controle e domínio. Consubstanciam modos rebeldes de ser. Desejo de hegemonia. Sentimento de poder.

A prepotência é um efeito natural da perspicácia que pode insuflar a megalomania, a presunção. Juntos formam o piso da vaidade. A rebeldia, nesse passo, conduz a uma desmedida necessidade de fixar-se em certezas que adornam posturas de infalibilidade.

Conforme o temperamento e a história espiritual particular, a arrogância manifesta-se com maior ou menor ênfase em uma das quatro ações descritas, criando efeitos variados no comportamento. Apesar disso, a cadeia de reflexos íntimos é muito similar.

Egoísmo que na sua mutação transforma-se em arrogância; essa, por sua vez, deriva um cortejo de outros sentimentos sob ação do orgulho e da rebeldia.

A arrogância retira-nos o senso de realidade. Acreditamos mais naquilo que pensamos sobre o mundo e as pessoas do que naquilo que são realmente. Por essa razão, esse processo da vida mental consolida-se como piso de inumeráveis psicopatologias da classificação humana. A alteração da percepção do pensamento é o fator gerador dos mais severos transtornos psiquiátricos. São as manifestações enfermiças do eu na direção do narcisismo. Na rigidez, eu controlo. Na competição, eu sou maior. Na imprudência, eu quero. Na prepotência, eu posso. A arrogância pensa a vida e, ao pensá-la, afasta-nos dos nossos sentimentos.

Essa desconexão com a realidade estabelece a presença contínua das fantasias no funcionamento mental, isto é, a interpretação ou imagem desvirtuada que a pessoa alimenta acerca de fatos, pessoas e coisas. Nesse passo existem dois tipos psicológicos mais comuns. A arrogância voltada para o passado, quando há uma fixação em mágoas decorrentes da inaceitação de ocorrências que, na sua excessiva auto-valorização, o arrogante acredita não merecê-la. O outro tipo é a arrogância dirigida ao futuro, quando a criatura vive de ideais, no mundo das idéias, acreditando-se mais capaz e valorosa que realmente o é. Passível de realizar grandes e importantes missões. Tais deslocamentos da mente são formas de evadir de algo difícil de aceitar no presente. De alguma maneira, constituem mecanismos protetores, todavia, quando se prolongam demasiadamente, podem gerar enfermidades psíquicas. A depressão é resultado da arrogância voltada ao passado. E a psicose em relação ao futuro.

Interessante observar que uma das propriedades psicológicas doentias mais presentes na estrutura rebelde da arrogância é a incapacidade para percebê-la. O efeito mais habitual de sua ação na mente humana. Basta destacar que dificilmente aceitamos ser adjetivados de arrogantes. Entretanto, um estudo minucioso nos levará a concluir que, raríssimas vezes na Terra, encontraremos condutas livres dessa velha patologia moral.

Relacionemos outros efeitos dessa doença:

1- Perda do autodomínio.

2- Apego a convicções pessoais.

3- Gosto por julgar e rotular a conduta alheia.

4- Necessidade de exercício do poder.

5- Rejeição a críticas ou questionamentos.

6- Negação de sentimentos.

7- Ter resposta para tudo.

8- Desprezo aos esforços alheios.

9- Imponência nas expressões corporais.

10- Personalismo.

11- Auto-suficiência nas decisões.

12- Bloqueio na habilidade da empatia.

13- Incapacita para a alteridade.

14- Turva o afeto.

15- Acreditar que pode mais do que realmente é capaz.

16- Buscar mais de que necessita.

17- Querer ir além de seus limites.

18- Exigir mais do que consegue.

19- Sentir que somos especiais pelo bem que fazemos.

20- Supor que temos a capacidade de dizer o que é certo e errado para os outros.

21- Sentir-se com direitos e qualidades em função do tempo de doutrina e da folha de serviços.

22- Acreditar que temos a melhor percepção sobre as responsabilidades que nos são entregues em nome do Cristo.

23- Julgar-se apto a conhecer o que se passa no íntimo de nosso próximo.

24- Desprezar o valor alheio.

A ausência de consciência sobre esse sentimento e suas manifestações de rebeldia tem sido responsável por inúmeros acidentes da vida interpessoal. Mesmo entre os seguidores das orientações do Evangelho, solapam as mais caras afeições, levando muita vez a tomar os amigos como autênticos adversários.

Ter autoconsciência é uma das habilidades da inteligência emocional. Saber dar nome aos nossos sentimentos é fundamental no processo de crescimento e reforma interior. A arrogância que costumamos rejeitar como característica de nossa personalidade é responsável por uma dinâmica metamorfose dos sentimentos.

A ignorância de seus efeitos em nossa vida é explorada pelos gênios astutos da perversidade no planeta.

Do livro: ESCUTANDO SENTIMENTOS – a atitude de amar-nos como merecemos.
Wanderley de Oliveira/Ermance Dufaux Tags: Dufaux, Ermance

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O apego

Uma das maiores fontes de angústia e infelicidade que podemos ter na vida é o apego. Quando nos tornamos dependentes de alguma situação ou de alguém para que possamos ser felizes, certamente começa o inferno.

Como é impossível controlar a realidade de modo que ela satisfaça todos os nossos desejos, é óbvio que em algum momento acabaremos por sofrer uma perda, uma rejeição ou teremos frustrada alguma expectativa.

Se nossa dependência dos fatores externos for demasiadamente grande, o sofrimento será inevitável. Entre todos os tipos de apego, certamente o mais difícil de superar é a dependência afetiva.

Esta é uma dificuldade tão disseminada, que existem grupos terapêuticos específicos para o seu tratamento, pois ela é tão destrutiva quanto a que se relaciona com vícios, como o álcool e as drogas.

A dependência afetiva tem como raiz uma baixa auto-estima e a necessidade de sentir-se amado para poder acreditar que se possui algum valor. Esta carência leva a situações humilhantes, pois faz com que a pessoa abra mão da própria identidade e faça qualquer concessão, para garantir a aceitação por parte do outro.

Para libertar-se dessa prisão é preciso, em primeiro lugar, tomar consciência de que algo de errado está acontecendo. Quando o primeiro sinal de que se precisa de ajuda surge, é importante agir, principalmente, para que o sentimento de fraqueza desapareça, visto que num grupo de terapia pode-se perceber que muitos outros seres humanos se encontram na mesma situação.

Esta descoberta traz alívio, incentivo e motivação para que se persista na busca da cura. Quanto mais o amor-próprio e a autovalorização se fortalecerem, mais rapidamente acontecerá a transformação.

... "Para o apego, a consciência não é necessária; ao contrário, a consciência é a barreira. Quanto mais consciente você se torna, menos você será apegado, porque a necessidade de apego desaparece. Por que você quer estar apegado a alguém? Porque sozinho você sente que você não se basta. Você sente falta de alguma coisa. Algo fica incompleto em você. Você não é inteiro. Você precisa de alguém para completá-lo. Daí, o apego. Se você está consciente, você está completo, você é inteiro - o círculo está completo agora, não está faltando nada em você - você não precisa de ninguém. Você, sozinho, sente uma total independência, uma sensação de inteireza.

Isso não quer dizer que você não amará as pessoas; ao contrário, somente você pode amar. Uma pessoa que seja dependente de você não pode amá-lo: ela o odiará. Uma pessoa que precisa de você não pode amá-lo. Ela o odiará, porque você se torna o cativeiro.

Ela sente que sem você ela não pode viver, sem você ela não pode ser feliz, então, você é a causa das duas coisas, da felicidade e da infelicidade dela. Ela não pode se dar ao luxo de perdê-lo e isso lhe dará uma sensação de aprisionamento: ela é sua prisioneira e se ressentirá disso; ela lutará contra isso.

As pessoas odeiam e amam ao mesmo tempo, mas este amor não pode ser muito profundo. Somente uma pessoa que seja consciente, pode amar, porque esta pessoa não precisa de você.
 
Mas, então, o amor tem uma dimensão totalmente diferente: ele não é apego, ele não é dependência. A pessoa não é sua dependente e não o fará dependente dela: a pessoa permanecerá uma liberdade e lhe permitirá permanecer uma liberdade.
 
Vocês serão dois agentes livres, dois seres totais, inteiros, se encontrando. Esse encontro será uma festividade, uma celebração - não uma dependência. Esse encontro será uma alegria, uma brincadeira". (Osho, The Book of the Secrets)

Elisabeth Cavalcante

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Silencio interno

 O seu silêncio interno torna-o impassível.

Se fizer seu uso regular, pode educar o seu ego, que tem o mau costume de falar o tempo todo.

Progressivamente desenvolverá a arte de falar sem falar, e a sua verdadeira natureza interna substituirá a sua personalidade artificial, deixando aparecer a luz do seu coração e o poder da sabedoria do silêncio.

Procure ser breve e preciso, já que cada vez que deixar sair uma palavra, deixa sair uma parte do seu chi (energia).

Assim aprenderá a arte de falar sem perder energia.

Tudo o que o incomoda nos outros é uma projeção do que não venceu em si mesmo.

Procure ocupar-se de si mesmo, sem se preocupar em se defender, pois isso só aumenta a impressão de falso poder do outro. Julgar é uma maneira de esconder nossas próprias fraquezas.

O sábio tolera tudo sem dizer uma palavra.

Não saber é muito incômodo para o ego porque ele gosta de saber tudo, ter sempre razão e dar a sua opinião muito pessoal. Mas, na realidade, o ego nada sabe, simplesmente faz acreditar que sabe.

Aprenda a ser como o universo, escutando e refletindo a energia, suas emoções densas ou preconceitos.

O universo é o melhor exemplo de um espelho que a natureza nos deu, porque aceita, sem condições, os nossos pensamentos, emoções, palavras e ações, e envia-nos o reflexo da nossa própria energia através das diferentes circunstâncias que se apresentam nas nossas vidas.

Converta-se no seu próprio mestre e deixe os demais serem o que têm a capacidade de ser.

Não entregue a responsabilidade pela sua vida e saúde nas mãos de outros, que não podem conhecer realmente, a fundo, o que os seus corpos precisam (físico, emocional, mental, espiritual).

Apenas você mesmo pode acessar esse conhecimento, com a sua intuição.

Graças a essa força, atrairá para si tudo o que necessita para a sua própria realização e completa libertação.

(autor desconhecido)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Apegado a nada

O amor é a única libertação do apego. Quando você ama tudo, não está preso a nada.

... O homem aprisionado pelo amor de uma mulher e a mulher aprisionada pelo amor de um homem estão ambos sem condições de receber a preciosa premiação da liberdade. Mas o homem e a mulher que, graças ao amor, tornaram-se uma só pessoa, inseparáveis, indistinguíveis, estão bastante qualificados para receber o prêmio. (O Livro de Mirdad, de Mikhail Naimy)

O Livro de Mirdad é o livro que eu mais estimo. Mirdad é um personagem fictício, mas cada declaração e ato de Mirdad é imensamente importante. Ele não deve ser lido como um romance, mas como uma escritura sagrada, talvez a única escritura sagrada.

E você pode perceber na afirmação acima um vislumbre do discernimento, da consciência, da compreensão de Mirdad. Ele está dizendo: O amor é a única libertação do apego... e você sempre ouviu que o amor é o único apego!

Concordo com Mirdad:

O amor é a única libertação do apego. Quando você ama tudo, não está preso a nada.

Na verdade, o fenômeno do apego precisa ser entendido. Por que você se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo. Talvez alguém possa roubá-lo. Seu medo é que não possa ter amanhã o que você tem hoje.

Quem sabe o que vai acontecer amanhã? A mulher ou o homem que você ama... Qualquer movimento é possível: vocês podem se aproximar ou podem se distanciar. Vocês podem novamente se tornar estranhos ou podem ficar tão unidos que não seria correto dizer nem mesmo que vocês são duas pessoas diferentes; é claro, existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase os envolve como uma nuvem.

Vocês desaparecem nesse êxtase: você não é você, eu não sou eu. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que você não pode permanecer você mesmo; você precisa submergir e desaparecer.

Nesse desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? Tudo é. Quando o amor desabrocha em sua totalidade, tudo simplesmente é. O receio do amanhã não surge, daí não surgir a questão do apego, do vínculo, do casamento, de qualquer tipo de contrato e cativeiro.

Osho, em "Amor, Liberdade e Solitude: Uma Nova Visão Sobre os Relacionamentos

terça-feira, 19 de abril de 2011

Meditação atenciosa

Trata-se de uma técnica simples de desencadear um estado de relaxamento profundo de corpo e mente. À medida que a mente se aquieta e permanece desperta você vai se beneficiar de um estado de consciência mais profundo e tranqüilo.

1. Antes de começar, encontre um local silencioso em que não vá ser perturbado.

2. Sente-se e feche os olhos.

3. Concentre-se na respiração, mas inspire e expire normalmente. Não tente controlar ou alterar a respiração deliberadamente. Apenas observe.

Ao observar a respiração, vai ver que ela muda. Haverá variações na velocidade, no ritmo e na profundidade, e pode ser que ela pare por um momento. Não tente provocar nenhuma alteração. Novamente, apenas observe.

Pode ser que você se desconcentre de vez em quando, pensando em outras coisas ou prestando atenção aos ruídos externos. Se isso acontecer, desvie a atenção para a respiração.

Se durante a meditação você perceber que está se concentrando em algum sentimento ou expectativa, simplesmente volte a prestar atenção na respiração.

Pratique esta técnica durante quinze minutos. Ao final, mantenha os olhos fechados e permaneça relaxado por dois ou três minutos. Saia do estado de meditação gradualmente, abra os olhos e assuma sua rotina.

Sugiro a prática da meditação atenciosa duas vezes ao dia, de manhã e no final da tarde. Se estiver irritado ou agitado, pode praticá-la por alguns minutos no meio do dia para recuperar o eixo.

Na prática da meditação você vai por uma de três experiências. Mas deve resistir à tentação de avaliar a experiência ou sua capacidade de seguir as instruções, porque as três reações são "corretas".

Você pode se sentir entediado ou inquieto, e a mente vai se encher de pensamentos. Isso significa que emoções profundas estão sendo liberadas. Se relaxar e continuar a meditar, vai eliminar essas influências do corpo e da mente.

Você pode cair no sono. Se isso acontecer durante a meditação, é sinal de que você anda precisando de mais horas de descanso.

Você pode entrar no intervalo dos pensamentos... além do som e da respiração.

Se descansar o suficiente, mantiver a boa saúde e devotar-se todos os dias à meditação, você vai conseguir um contato significativo com o self. Vai poder se comunicar com a mente cósmica, a voz que fala sem palavras e que está sempre presente nos intervalos entre um pensamento e outro. Essa é a sua inteligência superior ilimitada, seu gênio supremo e verdadeiro, que, por sua vez, reflete a sabedoria do universo. Tudo estará a seu alcance se confiar na sabedoria interior.

Deepak Chopra no livro Saúde perfeita

Sol nas almas

Amigo espiritualista, quando a depressão se aproxima e instala na sua consciência aquele clima mental cinzento e opressivo, é necessário reagir e acender a própria lâmpada interior.

É o que se denomina "Sol na Alma".

É uma espécie de ponte de ligação oculta entre o encarnado e o plano extrafísico de sua verdadeira origem: o plano mental.

Muitos pesquisadores espiritualistas em suas correntes mais diversas afirmam, acertadamente, que no plano mental não existe o tempo nem o espaço. Isso é verdade, porém, muitos se esquecem de que o Amor existe nesse plano, já que ele não depende nem do tempo e nem do espaço.

E é esse amor que você deve sintonizar para vencer a opressão que devora o seu otimismo e bem-estar.

Por isso, eleve o pensamento e tente criar a imagem de Luz branca puríssima interpenetrando todo o seu corpo, especialmente no cérebro e no coração.

Acenda o sol na sua alma e tente ter mãos de luz, coração generoso e pés que caminham conscientemente.

A estrada da vida pode ser muito dura, mas se o nosso coração é generoso, tudo podemos compreender.

As pessoas podem ser ásperas, mas se as nossas mãos forem brilhantes, tocaremos a todos com grande luz.

São muitos os percalços, mas se tivermos a consciência limpa, usaremos o discernimento e descobriremos o mais sensato a fazer.

A caminhada na Terra é cheia de espinhos, mas uma consciência espiritualizada, conectada com o plano mental, transforma-se em um farol de luz, ou melhor, no sol das almas.

Nos seus momentos de meditação ou de prece, procure pensar na Luz branca que permeia todo o Universo e que é à base de toda vida.

Essa Luz é sutil, mas pode ser percebida se a sua lâmpada interior estiver acesa.

Pense naquele Amor criativo que está a favor da evolução de todas as criaturas.

Pense que você vive em conjunto com bilhões de almas, encarnadas e desencarnadas. Todas são como você e têm um sol interior. Embora não pareça, todas buscam as mesmas coisas que você: amor, paz, crescimento e luz.

Grande parte dessas almas perde-se nos desvarios humanos. Mergulham nos prazeres mundanos e se afogam no próprio orgulho, gerando com isso os entraves cármicos que os aprisionarão nas provas retificadoras do futuro.

Essas almas ferem os próprios irmãos de romagem evolutiva e, na verdade, estão ferindo a si próprias.

São almas sombrias que se esqueceram do próprio sol interno e por isso rumam pelas várias vidas ao sabor das intempéries cármicas que as dominam.

Portanto, cabe a você, espiritualista consciente, acender o seu sol interior e emanar a luz, como verdadeiro sol nas almas.

Nós lhe esperamos com a luz na ação e com Jesus no coração.

 André Luiz 

(Recebido espiritualmente por Wagner Borges - Florianópolis, 19 de abril de 1995.)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A conquista da serenidade

Um dia amanhece, glorioso, com a luz do sol atravessando as folhas. Silêncio que é quebrado pelo som dos passarinhos que acordam.

Murmúrio de regatos que cantam, perfume de relva molhada pelo orvalho da noite. Será isso serenidade?

A natureza oferece ao homem a oportunidade do silêncio externo, o exemplo da calma. Mas sozinha, ela, a natureza, será capaz de trazer a paz interna?

Muita gente diz assim: Vou sair da cidade, a fim de descansar. Quero esquecer barulho, poluição, trânsito.

Essa é uma paz artificial. Em geral, depois de alguns dias descansando, a pessoa volta para a cidade e aos ruídos da chamada civilização. E ainda exclama ao chegar: Que bom é voltar para o conforto da cidade.

E, nas semanas seguintes, enfrenta novamente os engarrafamentos de trânsito, o som constante das buzinas, a fuligem. A comida engolida às pressas e o estresse do cotidiano estão de volta.

Então vem a pergunta: Será que realmente a serenidade existe em nossa alma? Se ela estivesse mesmo em nós, não teríamos de deixar o local em que vivemos para encontrar a paz, não é mesmo?

A conquista da serenidade é gradativa. A natureza não dá saltos e as mudanças de hábitos arraigados ocorrem muito lentamente. Não se engane com isso.

Muita gente acredita que a simples decisão de modificar um padrão de comportamento é suficiente para que isso aconteça. Mas não é assim.

Um antigo provérbio chinês traduz muito bem essa dificuldade. Ele diz assim: "Um hábito inicia como uma teia de aranha e depois se torna um cabo de aço". O mesmo acontece em nossa vida.

E a conquista da serenidade não escapa a essa lógica de criar novos hábitos, de reeducar-se. Sim, pois tornar-se pacificado é um exercício de auto-educação.

A pessoa educa-se constantemente. Treina a paciência, o silêncio da mente. É uma conquista diária, um processo que vai se instalando e se fortalecendo.

E por onde começar? O melhor é iniciar pelo dia a dia. Treinando com parentes, amigos, colegas de trabalho. Não se deixando perturbar pelas pequenas coisas do cotidiano.

Das pequenas coisas que irritam, a pessoa passa a adquirir mais força para superar problemas mais graves, situações mais complexas.

Aos poucos, suaviza-se o impacto que os outros exercem sobre nós. Acalma-se o coração, domina-se as emoções, tranqüiliza-se a mente.

O resultado é o melhor possível. Com o passar do tempo, a verdadeira paz se instala. E mesmo em meio aos ruídos de todo dia, o homem pacificado não se deixa perturbar.

É como um oásis em meio ao caos da vida moderna. Um espelho de água em meio a tempestades. Esse homem, em qualquer lugar que esteja, traz a serenidade dentro de si.

Experimente começar essa jornada hoje mesmo. Vai torná-lo muito mais feliz.

* * *

A serenidade resulta de uma vida metódica, postulada nas ações dinâmicas do bem e na austera disciplina da vontade.

Mantenhamos a serenidade e a nossa paz se espalhará entre todos.

Redação do Momento Espírita, e pensamentos do verbete Serenidade, do livro Repositório de sabedoria, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Arrumar a mala

Estradas, atalhos, caminhos, que sempre convidam para caminhar...

É bom arrumar sempre a mala e deixá-la na sala, perto do sofá.

A dor de quem parte é a dor de ver o seu amor esperando no cais; a dor de quem fica é a dor de ver o seu amor acenando pra trás...

Nos versos do compositor encontramos algumas verdades que nos convidam a pensar sobre esse assunto tão importante para todos nós, que é a morte.

Sim, inevitavelmente chegará a hora da partida.

E como ninguém sabe o momento que terá que partir, é importante deixar a mala sempre bem arrumada, para não ter do que se lamentar depois.

Mas, afinal, o que significa arrumar a mala?

Certamente não levaremos roupas, jóias, livros, dinheiro e outras coisas materiais. Mas, então, o que arrumar?

Talvez fosse interessante começar pelos relacionamentos, compromissos e deveres.

Nesse sentido, arrumar a mala é arrumar a vida espiritual.

Como estão os compromissos assumidos? Você está dando conta de todos, ou tem muita coisa pendente?

E os relacionamentos, como vão?

Alguém guarda mágoa de você? Não importa se com ou sem razão, vale a pena desfazer esse nó.

Você sente ódio de alguém? Aproveite o momento e resolva isso. Não deixe essa pendência lhe tirar a paz, logo mais.

Se você tiver que partir de repente, isso estará solucionado, e sua mala estará mais leve.

Como está com relação aos estudos?

Tem aproveitado os dias para iluminar a razão?

Enquanto tem tempo, use-o para adicionar a riqueza do conhecimento à sua bagagem. O conhecimento jamais se perde e você poderá fazer uso dele a qualquer momento.

E o relacionamento com os filhos, pais, irmãos, amigos, vai bem?

Não ficará nenhum abraço a ser dado, nenhum pedido de desculpas pendente, nenhuma atenção desdenhada?

As pendências não permitem que a mala se feche adequadamente, e isso pode causar fortes sofrimentos para ambos os lados...

E a saúde, como está?

Você tem cuidado do seu veículo físico como deve?

Não permita que o descuido lhe arrebate do corpo antes do tempo. Isso lhe traria sérios dissabores.

Assim, arrumar a mala quer dizer retirar da bagagem espiritual as mágoas, os rancores, a inveja, os ciúmes, os ódios, e outros detritos que pesam sobre a economia moral.

É buscar resolver todas as questões que nos tiram a paz. É desenvolver laços de verdadeira fraternidade com aqueles que nos rodeiam.

Os sentimentos infelizes que agasalhamos na alma, contra alguém, nos vinculam a esse alguém, nesta vida ou no além, perturbando-nos e infelicitando-nos.

Já os conhecimentos, as virtudes e os laços de afeto são excelentes contribuições para a conquista da felicidade.

Consideremos que o simples fato de viajar para o mundo espiritual não nos liberta das nossas mazelas e não nos retira as virtudes já conquistadas.

Somos, aqui ou no além-túmulo, herdeiros de nós mesmos.

Por isso é de suma importância termos a devida atenção para com a nossa bagagem espiritual.

* * *
Viver com sabedoria é não deixar o que pode ser resolvido hoje, para resolver num amanhã incerto...

Pense nisso, e procure deixar a sua mala sempre em ordem, para o caso de precisar partir sem ao menos poder dizer "até logo"...

Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Enamorar-se de virtudes

O homem está sempre em busca da felicidade.

Perseguindo essa meta traça roteiros que imagina possam levá-lo à plenitude de seus sonhos.

É comum que se encante de modo particular por uma pessoa, com quem deseja seguir pela vida afora.

Para conquistar esse ser, que parece a personificação de um ideal, nada se afigura muito trabalhoso ou difícil.

Tomam-se cuidados especiais com a aparência, o modo de falar e de agir, a fim de impressionar favoravelmente.

É natural e saudável que se esteja disposto a labutar na conquista de uma meta, seja a companhia de uma pessoa, um projeto profissional ou outro desiderato digno de investimento.

Os esforços despendidos na realização de um ideal, mesmo que ele não seja atingido de pronto, sempre têm uma conseqüência positiva.

Por exemplo, a persistência em ser gentil, educado e compreensivo com uma pessoa específica, que se pretende seduzir, pode tornar alguém consciente de seu agir equivocado nas demais situações.

Mas o fato é que a felicidade real jamais está nas mãos de outro ser humano, por especial que ele seja.

Do mesmo modo, a conquista de um emprego, a aquisição de um bem, nada disso tem o condão de conduzir o homem à plenitude de seu ser.

A felicidade não está em coisas ou nos outros.

Ela é um estado de consciência, de harmonia com as leis divinas.

Veja-se o exemplo do Cristo.

Nasceu em família pobre, jamais foi importante, no sentido mundano. Não era compreendido pelos que o cercavam. Padeceu o contato com massas ignorantes, com governantes despóticos, e teve morte violenta.

Mas ninguém ousa sugerir que o Cristo foi um infeliz.

Um Espírito de Sua envergadura evolutiva não poderia ser infeliz, embora tivesse de enfrentar obstáculos.

No entanto, sempre foi grandemente só, pela ausência na Terra de seres que O ombreassem em entendimento e valores.

Ele foi feliz, embora não tivesse nada do que habitualmente se considera como conducente à felicidade.

Isso revela o quanto o homem se ilude ao eleger suas metas para uma vida mais plena.

Viveremos para sempre, podendo contar por todo o tempo com uma única companhia: a nossa.

E é muito entediante a convivência com alguém mesquinho, egoísta, arrogante, grosseiro ou inculto, não é mesmo?

Então, um bom caminho para se atingir a genuína felicidade é nos indagar como gostaríamos de ser, não apenas nesta encarnação, mas com o passar dos séculos.

Pensar, à longo prazo, pode ser uma eficiente forma de evitar o estabelecimento de metas equivocadas ou rasas.

Dentro de algumas encarnações, de que adiantará ter conseguido muito dinheiro ou um corpo perfeito nesta vida?

Com certeza muitos de nós já nos sentimos cansados de alguns de nossos defeitos, pois é triste chegar ao final do dia e lamentar os próprios atos.

Reflitamos sobre as virtudes que desejamos ter e busquemos nos enamorar delas, pois, uma vez conquistadas, serão nossas eternamente.

Admiramos e desejamos a companhia de pessoas bondosas, generosas, calmas, honestas, trabalhadoras e gentis?

Então, sejamos assim, envidando esforços para desenvolver as qualidades almejadas, do mesmo modo que o faríamos para conquistar a pessoa amada ou o emprego cobiçado.

Somente nossa transformação moral, com a adoção de um patamar de conduta sublimada, pode nos tornar seres plenos e pacificados.

Mas isso exige treino e esforço, pois nada de valioso na vida vem de graça.

Não há como nos tornar virtuosos, exercitando vícios.

Pensemos nisso.

Equipe de Redação do Momento Espírita

terça-feira, 12 de abril de 2011

Desafios existenciais

Toda existência é oportunidade de aprendizado para todos nós, que partimos um dia do mundo espiritual a fim de realizar essa experiência ímpar chamada vida.

A vida, esta do lado de cá da existência, tem um propósito claro e inequívoco aos olhos de Deus: o de nos oferecer chances de progresso e melhoria pessoal.

Ao nos criar Espíritos imortais, nos fez a todos simples e ignorantes... Ou seja, sem capacidades intelectuais ou morais pré-determinadas.

Desta forma, a pergunta que mais nos ocorre é a seguinte: de onde vêm os nossos pendores, os dons com os quais nascemos, ou as virtudes e paixões que trazemos na alma?

Se somos criados todos iguais, por que somos aqui na Terra tão diferentes uns dos outros? Por que, irmãos gêmeos, sob a mesma educação, os mesmos pais, são tão diferentes?

Ao nascermos novamente, ao retornarmos à experiência de nascer, trazemos conosco toda uma bagagem que adquirimos nos caminhares que já fizemos em nossa história.

Trazemos no cofre de nossa alma todos os tesouros e todas as quinquilharias que, porventura, fomos juntando nos nossos caminhares, pelos caminhos que já percorremos ao longo de nossas existências.

Assim, todas as nossas virtudes e todos os nossos sentimentos são conquistas feitas em algum momento de nossa história, e que hoje trazemos para mais este capítulo do livro que estamos escrevendo desde muito.

Se hoje sentimos raiva, vingança e ódio, se temos inveja ou ciúmes, são desvalores que adquirimos por opção própria, e que ainda fazem parte de nossa estrutura emocional.

Por outro lado, se trazemos na alma a doçura, a compaixão pelo próximo, a benevolência no olhar, são resultantes dos esforços que fizemos para adquiri-los e tê-los na intimidade da alma.

Se hoje percebemos em nós sentimentos que já não são coerentes com nossos conceitos e valores, começa aí o esforço para a transformação da alma.

* * *
A vida é exatamente essa oportunidade que a Providência Divina nos oferece para que a modificação da alma, para melhor, se faça.

E para tanto, nossa vida é pródiga de oportunidades para modificarmos as coisas da alma que precisam ser mudadas.

Seja a esposa intolerante, o marido incompreensível, o filho exigente, o chefe às vezes tirano, todos nos oportunizam a chance de experimentar outros valores e desenvolver renovados sentimentos na alma.

Muitas vezes, o convite da vida vem através da doença, do revés financeiro que nos abala, ou do ente querido que parte para o Mundo Espiritual nos deixando órfãos emocionalmente.

Todos esses desafios que a vida nos oferece são convites silenciosos que ela nos faz, nos oferecendo a chance de renovar paisagens emocionais, repensar posicionamentos e principalmente, redirecionar nossos passos para caminhos que nos conduzam à felicidade.

Em qualquer momento de sua vida, perceba ser ela oportunidade bendita que Deus lhe oferece de iniciar a construção do Reino de Deus dentro de você.

Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Perca o temor

Hoje em dia as pessoas, de um modo geral, temem muitas coisas e situações e por isso se sentem inseguras.

Saem de casa só quando não tem outro jeito, por temer a violência.

Não fazem amigos porque temem se aproximar de alguma pessoa indesejável.

Deixam de conhecer alguém especial por temor de estreitar laços com estranhos.

Perdem oportunidades de adquirir novos conhecimentos porque temem não ter capacidade para aprender.

Evitam expor seu verdadeiro caráter por temer o julgamento dos outros e a não aceitação.

Não se entregam a um grande amor por medo de sofrer.

Abdicam de ocupar uma posição melhor na empresa porque temem não dar conta do recado.

Não abrem mão de costumes e idéias cristalizadas por medo de enfrentar o que é diferente ou é novo.

Deixam de fazer investimentos por temor de uma mudança brusca na economia.

Como se pode perceber, o temor é um grande obstáculo ao progresso e à felicidade de muitas criaturas, na face da Terra.

Assim, se você é uma dessas pessoas que guarda temor de alguma coisa, pense nas muitas vantagens que teria se superasse esse grande obstáculo.

Perca o medo de ser vulnerável e sinta a emoção de um abraço de ternura.

Perca o temor de trovoada, e admire os benefícios que os raios luminosos trazem à atmosfera terrestre.

Perca o temor de ficar em silêncio e ouça a melodia dos anjos.

Perca o temor de viver o bem que já sabe e sinta a leveza de uma consciência tranqüila.

Perca o medo de ser simples e desfrute o prazer da verdadeira liberdade.

Perca o temor do vento, e observe a grande contribuição dessa maravilhosa força que espalha sementes e acalma o calor.

Perca o medo de perder tempo e viaje no murmurar de um riacho, alce vôo com as andorinhas, ouça a música do entardecer, fale com as estrelas, diga à lua para levar um recado ao seu amor que está distante.

Perca o medo de se arriscar e retire as grandes lições que trazem as derrotas.

Perca o temor de superar seus limites e contemple os horizontes que estão além das montanhas.

Perca o medo do amanhã, e receba de presente o hoje.

Perca o temor de dar o primeiro passo e prepare-se para a alegria da chegada.

Perca o temor de não estar sempre com a razão e aprenda com a sabedoria dos outros.

Liberte-se do medo da morte e ganhe a imortalidade.

Abandone a culpa e prepare-se para as alegrias de uma vida de acertos.

Perca o medo de ser feliz, e abra-se para gozar tudo o que a vida oferece de útil e agradável.

Perca o medo de errar, e prepare-se para a chegada vitoriosa.

Perca o temor das cicatrizes e renda-se ao inebriante poder do amor.

Pense nisso!

Se você sente que o temor está sendo um empecilho a deter seus passos, livre-se dele e verá que o horizonte irá se abrir naturalmente.

E se, ao caminhar na direção desse horizonte, você perceber que ele se afasta de você na mesma proporção, não desanime, pois a finalidade do horizonte é essa mesma: a de fazer você caminhar para frente e para o alto. Sem temores nem incertezas.

Pense nisso!


Texto da equipe de redação do momento espírita.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Gotas de cura interior

1. A cura interior, muito mais do que um objetivo a ser alcançado ou uma meta a ser conquistada, é conseqüência do nosso jeito de viver. Cura interior é fruto, precisa ser cultivada. E, como vivemos num mundo desértico e árido, precisamos ter a sabedoria de gotejá-la, todos os dias.

2. Na vida, precisamos aprender a celebrar as vitórias, pequenas e grandes. Cada passo vivido precisa ser degustado, saboreado, festejado. Não podemos ficar esperando para celebrar somente as grandes vitórias. Aliás, sem a celebração das pequenas conquistas, perde-se o sabor das grandes vitórias. Cada pequena vitória celebrada é semente para as grandes vitórias almejadas.

3. O pessimismo do mundo moderno acaba contaminando nosso coração. Vamos nos tornando especialistas em ressaltar o negativo. Alimentamos o negativo através das notícias e das conversas. Enfocamos o negativo com lente de aumento e com isso nos tornamos especialistas naquilo que não presta. É preciso educar-se para as conquistas, para o belo, para o positivo. A celebração de cada etapa vivida e conquistada nos ajuda nesse processo.

4. A celebração das vitórias tem também um aspecto muito importante, que precisa ser ressaltado cada vez mais: aprender a compartilhar nossas conquistas. Vitória que não é compartilhada não pode ser chamada de vitória. A celebração das conquistas e vitórias ajuda a nos preparar para vencer novos desafios. Vitória celebrada é semente de novas vitórias.

5. Feliz aquele que tem com quem compartilhar suas tristezas e dores. Mais feliz ainda aquele que tem com quem compartilhar suas alegrias. O amigo verdadeiro é aquela pessoa diante de quem podemos nos revelar por inteiro. Muita gente tem medo de partilhar suas vitórias – aliás, pode nem mesmo ter alguém diante de quem fazê-lo. O outro parece sempre ser uma ameaça. Como vivemos numa constante competição, parece que ser feliz ofende aos outros. Acreditar na felicidade é um bom caminho para encontrá-la, é uma trilha segura para construí-la.

6. Um coração curado sabe que a alegria verdadeira não está naquilo que temos ou conquistamos, mas na qualidade de nossos relacionamentos. O que não pode ser partilhado não merece ocupar lugar nenhum em nossa vida.

7. Para compartilhar a felicidade é preciso optar pela alegria. Divertir-se corretamente não é pecado! O grande pecado é não saborear a vida. É preciso ter a seriedade suficiente para ser alegre e brincalhão. Uma boa piada, na hora certa, tem um lindo poder restaurador em nosso coração. Rir e ajudar os outros a rir é um dos mais eficientes e eficazes remédios para a cura interior. Quem aprendeu a sorrir saberá chorar na hora certa, diante das pessoas e das situações adequadas.

8. No processo de cura interior é fundamental não perder tempo e energia com bobagens. Cada vez que nos entristecemos devemos nos perguntar: é algo realmente sério? Será que esse fato merece a atenção que estou dando a ele? Não estou atribuindo um peso excessivo ao que a pessoa me falou ou me fez? Quanto tempo vou continuar alimentando essa tristeza em meu coração?

9. Todos nós estamos sujeitos a muitos erros e falhas. Ninguém está vacinado contra os dissabores da vida. Portanto, ficar remoendo o passado gesta o rancor, que é sempre prejudicial a nós e aos outros. A raiva emburrece a pessoa. O ressentimento bestifica. É preciso aprender a perdoar aos outros e a nós mesmos. O rancor produz medo de começar de novo. Viver é correr riscos, sempre. Amar é um risco consciente. A vida é imprevisível! Só quem tem coragem de se arriscar saberá saborear a alegria das vitórias.

10. É preciso estar aberto ao novo. Não devemos temer coisas novas, pessoas novas, comidas novas, culturas novas. Triste de quem viaja para para outros países mas logo procura um restaurante com comida típica de seu país. Então, para que viajar? É preciso deixar-se impregnar pela cultura e pelos costumes locais. Ao menos para conhecer é preciso saborear. Se a outra pessoa daquele país gosta de tal alimento, por que não posso me arriscar? Abrir-se ao novo pode ser o começo de uma experiência muito interessante.

Trecho do livro: Gotas de Cura interior
Padre Léo, SCJ

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O que nossos pensamentos determinam

Marco Aurélio, o grande filósofo que dirigiu o Império Romano, resumiu em nove palavras aquilo que define nosso destino na vida:

Nossa vida é o que os nossos pensamentos determinam.

Inspirado nesta afirmativa, o estudioso Dale Carnegie acrescenta que se tivermos pensamentos felizes, seremos felizes.

Se pensarmos em coisas que nos causam medo, seremos medrosos. Se pensarmos em doenças, provavelmente ficaremos doentes.

Se pensarmos no fracasso, fracassaremos, com toda certeza. Se nos entregarmos à autopiedade, todos irão querer nos evitar, afastar-se de nós.

Normam Vincent Peale afirmou: você não é o que você pensa que é. Mas o que você pensa, você é.

Tudo isso se resume na ideia de uma atitude positiva perante a vida. Devemos nos interessar por nossos problemas, mas não nos preocuparmos com eles.

Há uma grande diferença entre uma e outra postura.

Interessar-se significa procurar compreender como são as coisas e tomar calmamente as medidas necessárias para enfrentá-las.

Preocupar-se significa dar voltas em círculos inúteis e enlouquecedores. Significa sofrer antes e ser dominado pelo medo.

Tais posturas são determinadas pelo pensamento, simplesmente.

Desta forma, o pensamento poderá determinar se seremos felizes ou infelizes, independente de onde estejamos, independente das condições de vida que temos.

Napoleão Bonaparte e Helen Keller podem ser bons exemplos que atestam tais afirmações.

Napoleão dispunha de tudo que os homens habitualmente almejam - glória, poderio, riqueza -, e, não obstante, disse, em seu exílio, na ilha de Santa Helena: Não conheci jamais seis dias de felicidade em minha vida.

Helen Keller - cega, surda, muda - todavia, declarou: Considerei a vida tão bela!

Reflitamos sobre tal comparação.

Como viveram os dois personagens? Que postura mental apresentou cada um deles diante das adversidades?

O filósofo grego Epiceto advertiu-nos que devemos nos preocupar mais em afastar da mente os maus pensamentos do que remover tumores e abscessos do nosso corpo.

E a medicina moderna vem comprovando, dia após dia, que a grande fonte das enfermidades está na postura mental, na qualidade do nosso pensar.

Por isso a importância de perceber que nossa vida é o que nossos pensamentos determinam e que vigiando, cuidando do pensar, viveremos muito melhor.

* * *
Emerson, na parte final de seu ensaio sobre a confiança em nós mesmos, diz:

Uma vitória política; um aumento em suas rendas; a recuperação de uma enfermidade; o regresso de um amigo ausente; ou outro qualquer acontecimento exterior, anima-lhe o Espírito e você pensa que lhe estão reservados dias felizes.

Não o creia. Jamais pode ser assim. Nada, a não ser você mesmo, pode trazer-lhe paz.

Redação do Momento Espírita, com citação do cap. 12, pt. IV, do livro Como evitar preocupações e começar a viver, de Dale Carnegie, ed. Companhia Editora Nacional

terça-feira, 5 de abril de 2011

Arquivo mental

Com que tipo de informações você alimenta o seu arquivo mental?

Se ainda não havia pensado nisso, vale a pena meditar sobre o assunto, pois é de sua bagagem mental que depende a sua paz íntima.

Quando você abre o jornal, logo cedo, o que você costuma buscar primeiro? As boas notícias, a página policial, os esportes?

Se chega a uma sala de espera e percebe sobre a mesa vários tipos de revistas, qual delas você escolhe?

Ao ligar a TV, que tipo de programação assiste?

Ao navegar pela internet, quais os assuntos de sua preferência?

Dos acontecimentos diários, das cenas que presencia, das paisagens que vê, o que você costuma observar com mais atenção e guardar no seu arquivo mental?

Talvez isso lhe pareça sem importância, mas, na verdade, de tudo isso dependem as suas atitudes, as suas emoções, a sua vida.

Como você é o que pensa e sente, todas as suas reações dependem das informações que acumula no dia-a-dia.

Se costuma guardar sempre a parte boa, positiva, nobre, quando alguma situação lhe toma de assalto, irá agir com lucidez, tranqüilidade e nobreza.

Mas, se ao contrário, procura alimentar sua mente com as desgraças, os fatos negativos, os desequilíbrios e as desarmonias humanas, terá uma reação correspondente ao seu ambiente mental.

Assim, se deseja manter, em qualquer situação, a harmonia íntima, é saudável buscar alimentação condizente com seus propósitos.

Quando abrir o jornal, busque alguma coisa que lhe ofereça leitura agradável, sadia.

Se você pode escolher entre várias revistas, opte por aquela que lhe possibilite reflexões nobres, que lhe enriqueça os conhecimentos acerca da vida.

Se tem tempo para navegar pela internet, não se detenha nas páginas de teor deprimente ou conteúdo duvidoso. Não faça de seus arquivos mentais uma lixeira.

Busque deter-se nas melhores imagens que compõem a paisagem por onde passa.

Pense que os problemas existem, que as misérias humanas são uma realidade, que os fatos deprimentes poluem a Terra.

Mas considere também que, se você não pode mudar uma situação, não há motivo para carregá-la em seu arquivo mental.

Por essa razão, busque sempre a melhor parte.

Ao levantar-se pela manhã, olhe a sua volta o que tem de melhor.

Observe o amanhecer, as cores que a natureza traz, as paisagens que o dia lhe oferece.

Contemple a lua, mesmo sabendo que sob o luar existe a violência, a injustiça, a dor...

Admire o pôr do sol, ainda que tema os perigos que surgem com a escuridão.

Observe com atenção o inverno, mesmo que a paisagem não lhe pareça agradável, pois é a vida que dorme para surgir, ainda mais exuberante, com a primavera.

Detenha-se um pouco para observar o sorriso de uma criança, mesmo que o descaso com a infância seja uma realidade.

Agindo assim, ao final de cada dia você terá uma boa razão para agradecer pelas oportunidades vividas.

***
A sua vida íntima é alimentada, basicamente, por tudo aquilo que você mais valoriza.

Assim, se deseja nutrir a esperança, alimente a sua intimidade com os valores nobres.

E, se você quer construir a paz, enalteça-a com alimento correspondente, escolhendo sempre a parte boa de tudo o que o rodeia.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, inspirado em palestra proferida por Maurício Silva, na Sociedade Espírita Renovação, Curitiba-PR

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Encante-se


Você já se encantou alguma vez com coisas simples?

Com a água que cai, límpida e transparente, tocando sua pele com carinho, deixando-a aveludada e perfumada...

Com a planta de mil folhas, onde se escondem os vasos condutores da seiva, nos traços mais perfeitos...

Com o mar, na sua imensidão, suas tonalidades esverdeadas e a luz beijando a superfície no vai e vem...

Com o inseto minúsculo, camuflando o seu mini-sistema de vida, com asas desenhadas pelo Pintor perfeito...

Com o sol longínquo, a abraçar seu corpo ofertando poderosa energia em toda a extensão...

Com a inocência da criança, que acredita que o mundo já é perfeito, distribuindo o sorriso sincero e a confiança permanente...

Com a fidelidade dos animais domésticos...

Com a diversidade de raças, rostos e cores que dão vida ao planeta...

Com as cores do arco-íris que se confundem e ao mesmo tempo são distintas...

Com a risada sincera e desembaraçada que limpa a alma e o coração...

Com os alimentos, na sua multiplicidade de cores e sabores que saciam a fome e mantêm as energias das células, sustentando a vida...

Com as montanhas, em múltiplas e sucessivas camadas, sumindo no horizonte...

Com a alegria que brota dos corações, entre amigos sinceros...

Com a inteligência dos homens, que a cada segundo é superada por novas e úteis descobertas...

Com o poder do pensamento, que transforma tudo em realidade...

Com as lições de amor que o meigo Rabi da Galiléia nos deixou...

Enfim, você já se encantou alguma vez com coisas simples como um gesto sincero, sem disfarce?

Com o olhar seguro, sem desvio?

Com o toque suave, com energia?

Com o pensamento puro, sem hipocrisia?

Pense nisso!

As imagens impressas em calendários, cartões postais, folhetos, existem porque alguém se encantou com essas paisagens, flores, animais ou algum detalhe da natureza...

E não precisa muito esforço para perceber essas belezas singelas com que a natureza enfeita nossos caminhos diários.

Vale a pena se deixar encantar com as coisas simples que estão ao nosso redor...

Pense nisso e aproveite as oportunidades!

Encante-se com as coisas simples da vida!

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita